Cruz é um instrumento de suplício, constituído por dois madeiros, um atravessado no outro, em que se amarravam ou se pregavam os condenados à morte. Esta é a definição clássica, segundo nos ensina mestre Aurélio.
Mas, por causa de um Homem que morreu há cerca de dois mil anos, a cruz passou a ter outros significados também. Passou a significar pena, aflição, infortúnio. Para os cristãos, é símbolo de redenção. Aliás, a Igreja conseguiu algo único no mundo: transformou um objeto de suplício em objeto de adoração, diante do qual todos se benzem, repetindo o próprio sinal simbólico da cruz adorada.
Estranho, isso. Estranho também que esse Homem, crucificado há tanto tempo e que continua influindo na vida de todos nós, escolhesse para nascer e morrer um lugar que divide Oriente e Ocidente, como se a Judeia fosse o ponto zero de uma enorme cruz.
Os homens criaram muitos tipos de cruz. Cruz de Ferro, Cruz de Malta, Cruz de São Cipriano, Cruz de Fogo, a Cruz de Batalha, Cruz do Báltico, Cruz Gamada e muitas outras. Mas, quando se fala dela, só se pensa em uma e no Homem que nela morreu, cercado por bandidos comuns.
Mas, convém não esquecer que a cruz, se força a abertura dos braços, braços abertos não significam, necessariamente, sofrimento. Pelo contrário. Braços abertos significam paz, desarmar de espíritos, cordialidade. E nunca um país precisou tanto de cordialidade e de paz como o nosso. Estamos vivendo uma verdadeira guerra civil e não nos apercebemos disso. Muitos milhares são os nossos mortos e maiores ainda os feridos dessa guerra inútil e insensata, se é que alguma guerra é útil e sensata.
O nosso povo precisa abrir os braços. Não para ser crucificado, pois isso já o fomos o suficiente. Mas para dar as boas vindas a um tempo, que bem poderá ser a redenção das nossas vidas.
Cruz e braços abertos têm tudo a ver. Mas podem ter significados completamente diferentes. Só depende de nós.
Questão de ordem
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Quando tudo é permitido
Quando tudo é permitido
Eliane Verde
Da equipe de articulistas
Muitas mudanças... aliás mudanças em demasia ocorreram em espaço muito curto de tempo em nossas vidas. Tão rapidamente que ficou difícil acompa-nhar e, pior, difícil de administrar, conhecer benefícios ou prejuízos que possam causar à vida, aos valores, ao desenvolvimento de hábitos e atitudes. Tudo está diferente. Mas o que mais incomoda é o excesso de permissividade.
TUDO É PERMITIDO hoje em dia. É permitido responder aos pais, é permitido desrespeitar, é permitido não querer ser honesto, é permitido não se preocupar com o próximo, é permitido ser viciado em internet, é permitido ser dependente do celular, é permitido pensar apenas no próprio umbigo, é permitido ser absurdamente consumista, é permitido não querer estudar porque "não tá a fim", é permitido ser arrogante, é permitido dirigir sem carteira de motorista, é permitido menor freqüentar casas noturnas, é permitido...
Aí o papel da escola se torna bastante árduo quando esta estabelece regras de convivência, exige respeito, proíbe o uso do celular na sala de aula, repreende o pai que deixa seu filho de 14 ou 15 anos dirigir, combate o bulling, incentiva os bons modos e boas atitudes (coisa que hoje parece ser de outro mundo), controla os atrasos para as aulas na intenção de convencer que chegar atrasado atrapalha a aula e prejudica quem chegou na hora.
Muito cuidado devemos ter para não premiarmos os errados e punirmos os corretos. Quando se permite que os atrasados, os irresponsáveis tenham os mesmos direitos dos cumpridores de seus deveres, estamos sendo tremendamente injustos.
Fica-se estarrecido na porta de escola quando se vê adultos se agredindo aos gritos e impropérios na frente de crianças por desrespeitar normas básicas de trânsito, normas que jamais poderiam ser desrespeitadas.
Tudo isso acontece exatamente porque tudo está permitido. E começa dentro de casa. Por comodismo (porque educar dá trabalho mesmo), por descuido ou por opção, os pais estão perdendo seus direitos de pais, estão deixando seu papel de pais para qualquer um que o queira e não se preocupam com as conseqüências disso.
Precisamos nos preocupar com o excesso de PERMISSIVIDADE.
É essa vilã que está deixando o mundo um lugar cada vez mais perigoso de se viver.
A sociedade necessita de normas e leis porque as pessoas não são capazes de gerir seus próprios passos, infelizmente. E porque somos frutos da diversidade cultural, moral e ética.
É da maior importância ensinar as crianças e jovens a respeitar, mostrar que ser legal não é ser careta ou fora de moda. Afinal onde ficou a tal da personalidade, do caráter, do bem e da moral? Será que agora o certo é ser errado? Como mostrar aos alunos que é legal ajudar, ser bom, ser tolerante, valorizar o certo e sentir-se bem com a bondade?
Ouvimos muita gente dizer: -"eu não levo desaforo para casa", como se fosse uma grande vantagem, uma grande qualidade, um traço de caráter. Que engano.
Uma coisa é certa: estamos num barco sem rumo precisando desesperadamente encontrar novamente o caminho, e para isso temos que começar a ser menos permissivo e mais exigentes com as atitudes das crianças e jovens. Mas para isso o exemplo começa conosco. Dessa tarefa não podemos escapar.
Eliane Verde
Pedagoga-orientadora educacional
E-mail: elianeverde@gmail.com
Eliane Verde
Da equipe de articulistas
Muitas mudanças... aliás mudanças em demasia ocorreram em espaço muito curto de tempo em nossas vidas. Tão rapidamente que ficou difícil acompa-nhar e, pior, difícil de administrar, conhecer benefícios ou prejuízos que possam causar à vida, aos valores, ao desenvolvimento de hábitos e atitudes. Tudo está diferente. Mas o que mais incomoda é o excesso de permissividade.
TUDO É PERMITIDO hoje em dia. É permitido responder aos pais, é permitido desrespeitar, é permitido não querer ser honesto, é permitido não se preocupar com o próximo, é permitido ser viciado em internet, é permitido ser dependente do celular, é permitido pensar apenas no próprio umbigo, é permitido ser absurdamente consumista, é permitido não querer estudar porque "não tá a fim", é permitido ser arrogante, é permitido dirigir sem carteira de motorista, é permitido menor freqüentar casas noturnas, é permitido...
Aí o papel da escola se torna bastante árduo quando esta estabelece regras de convivência, exige respeito, proíbe o uso do celular na sala de aula, repreende o pai que deixa seu filho de 14 ou 15 anos dirigir, combate o bulling, incentiva os bons modos e boas atitudes (coisa que hoje parece ser de outro mundo), controla os atrasos para as aulas na intenção de convencer que chegar atrasado atrapalha a aula e prejudica quem chegou na hora.
Muito cuidado devemos ter para não premiarmos os errados e punirmos os corretos. Quando se permite que os atrasados, os irresponsáveis tenham os mesmos direitos dos cumpridores de seus deveres, estamos sendo tremendamente injustos.
Fica-se estarrecido na porta de escola quando se vê adultos se agredindo aos gritos e impropérios na frente de crianças por desrespeitar normas básicas de trânsito, normas que jamais poderiam ser desrespeitadas.
Tudo isso acontece exatamente porque tudo está permitido. E começa dentro de casa. Por comodismo (porque educar dá trabalho mesmo), por descuido ou por opção, os pais estão perdendo seus direitos de pais, estão deixando seu papel de pais para qualquer um que o queira e não se preocupam com as conseqüências disso.
Precisamos nos preocupar com o excesso de PERMISSIVIDADE.
É essa vilã que está deixando o mundo um lugar cada vez mais perigoso de se viver.
A sociedade necessita de normas e leis porque as pessoas não são capazes de gerir seus próprios passos, infelizmente. E porque somos frutos da diversidade cultural, moral e ética.
É da maior importância ensinar as crianças e jovens a respeitar, mostrar que ser legal não é ser careta ou fora de moda. Afinal onde ficou a tal da personalidade, do caráter, do bem e da moral? Será que agora o certo é ser errado? Como mostrar aos alunos que é legal ajudar, ser bom, ser tolerante, valorizar o certo e sentir-se bem com a bondade?
Ouvimos muita gente dizer: -"eu não levo desaforo para casa", como se fosse uma grande vantagem, uma grande qualidade, um traço de caráter. Que engano.
Uma coisa é certa: estamos num barco sem rumo precisando desesperadamente encontrar novamente o caminho, e para isso temos que começar a ser menos permissivo e mais exigentes com as atitudes das crianças e jovens. Mas para isso o exemplo começa conosco. Dessa tarefa não podemos escapar.
Eliane Verde
Pedagoga-orientadora educacional
E-mail: elianeverde@gmail.com
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